Entorno de Bolsonaro traça plano para 2026 e tenta convencer ex-presidente a apoiar Tarcísio de Freitas

Bolsonaro e Tarcísio | Foto: Fabio Vieira/Metrópoles

Às vésperas de um julgamento que pode selar o destino criminal de Jair Bolsonaro (PL), o círculo mais próximo do ex-presidente já trabalha nos bastidores para definir os rumos políticos de 2026. Enquanto publicamente os aliados sustentam a narrativa de que Bolsonaro pode reverter sua inelegibilidade, em conversas reservadas, bolsonaristas reconhecem que há um movimento discreto para convencer o ex-mandatário a abrir mão da disputa presidencial e endossar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como candidato ao Palácio do Planalto.

A estratégia envolve um esforço conjunto de advogados e políticos aliados, que atuam junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para evitar uma eventual prisão de Bolsonaro, ao mesmo tempo em que tentam prepará-lo para um "choque de realidade" sobre suas chances eleitorais. Entre os nomes citados como parte desse diálogo está o ministro André Mendonça, indicado por Bolsonaro ao STF, que teria sido mencionado como uma possível ponte para sensibilizar o ex-presidente sobre a gravidade de sua situação jurídica.

Nos corredores do poder, poucos se sentem confortáveis para abordar diretamente o tema com Bolsonaro. Por isso, um grupo seleto de figuras de confiança foi escalado para liderar o convencimento. Quatro nomes despontam como os únicos capazes de influenciar o ex-presidente a rever seus planos para 2026: o pastor Silas Malafaia, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), que mantém uma relação próxima com Bolsonaro desde o fim de seu mandato.

Dentro do PL, partido liderado pelo ex-presidente, o prazo para essa articulação já foi estipulado: novembro de 2025. A data coincide com a expectativa de que o julgamento sobre a chamada "trama golpista" esteja concluído, trazendo maior clareza ao cenário político e jurídico de Bolsonaro. A avaliação entre os aliados é que, caso a inelegibilidade ou riscos maiores se confirmem, Tarcísio de Freitas seria o nome natural para herdar o apoio do eleitorado bolsonarista, mantendo a força da direita na disputa presidencial.