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Burnout: a epidemia silenciosa que afeta trabalhadores em todo o mundo

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/ Por Redação
Foto: Reprodução/Freepik

Em 2020, Amy, uma executiva de marketing no auge da carreira, viu sua vida mudar drasticamente. Durante a organização de um evento, ela sentiu uma tontura repentina. “Achei que estivesse desidratada ou sem me alimentar direito, mas aquela sensação continuou. Daquele momento em diante, tudo ficou meio confuso”, relembra.

O que parecia um mal-estar passageiro se revelou algo mais grave. Amy passou a conviver com zumbidos constantes e uma sensação de estar "enjoada e bêbada em um barco". Sua saúde física e mental se deteriorou rapidamente, forçando-a a tirar uma licença médica. “Meu corpo estava dizendo: Pare!”, afirma.

Amy só entenderia depois que estava vivendo um burnout — uma síndrome que se tornou cada vez mais comum no mundo do trabalho moderno. Caracterizado por cansaço extremo, falta de motivação e sentimentos de ineficácia, o burnout é uma resposta ao estresse crônico não administrado, como define Christina Maslach, professora emérita da Universidade da Califórnia, Berkeley, pioneira no estudo do tema.

Em 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu oficialmente a síndrome de burnout como um fenômeno ocupacional, fruto do excesso de trabalho e da cultura de estar "sempre disponível", agravada pela digitalização.

A psicóloga Heejung Chung, diretora do Instituto Global de Liderança Feminina do King's College London, alerta que o burnout se tornou um problema global. Em alguns países, mais de 70% dos trabalhadores relatam sintomas da síndrome. No Reino Unido, os custos associados já ultrapassam 102 bilhões de libras (cerca de R$ 772 bilhões) anuais, segundo pesquisa da Axa em 2024.

No Brasil, o cenário também é preocupante. Dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) mostram que, em 2023, 421 trabalhadores foram afastados por burnout — o maior número em dez anos. O crescimento é de 136% em comparação com 2019, impulsionado principalmente pelos efeitos da pandemia.

Os sinais e as fases do burnout

Especialistas apontam que o burnout se desenvolve em fases:

  • Lua-de-mel: Entusiasmo excessivo e sobrecarga de tarefas;

  • Abandono: Perda de interesse em atividades sociais e maior dificuldade de concentração;

  • Sem motivação: Irritação, apatia e fadiga da compaixão;

  • Burnout: Esgotamento total e dificuldades para manter a rotina;

  • Colapso: Estado clínico grave, com crises de pânico e incapacidade de realizar tarefas básicas.

Entre os principais fatores de risco estão a sobrecarga de trabalho, falta de autonomia, ausência de reconhecimento, relações tóxicas no ambiente profissional, injustiça e conflitos de valores.

O burnout, embora associado principalmente ao trabalho remunerado, também afeta estudantes, pais e cuidadores, especialmente mulheres, que frequentemente acumulam dupla jornada.

Recuperação: pequenas mudanças fazem a diferença

A recuperação do burnout, segundo especialistas como Claire Ashley, autora de The Burnout Doctor, não exige mudanças radicais, como deixar o emprego. A chave está em três frentes: assumir controle sobre o que é possível mudar, cuidar do bem-estar e fortalecer redes de apoio.

O exercício da "Esfera de Controle", proposto por Stephen Covey, ajuda a identificar aquilo que pode ser modificado e aquilo que precisa ser aceito. Já o médico Russ Harris sugere três caminhos para enfrentar desafios: sair, ficar e agir conforme seus valores ou ficar e desistir.

“Identificar seus valores é crucial, pois todas as decisões futuras devem estar alinhadas a eles”, afirma Ashley.

Enquanto a conscientização sobre o burnout cresce, especialistas reforçam a necessidade de mudanças na cultura de trabalho para prevenir novos casos. Como alerta a professora Chung: “Estamos trabalhando demais e nos desconectando de nós mesmos. Essa é uma conta que, mais cedo ou mais tarde, todos pagam”.

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