Prefeito de Rio Largo, Carlos Gonçalves | Foto: Reprodução |
O prefeito de Rio Largo, Carlos Gonçalves (PP), revelou em entrevista exclusiva à GazetaNews na tarde desta terça-feira (1º) que passou a noite na sede da prefeitura como medida de precaução para impedir que o presidente da Câmara Municipal, vereador Rogério Silva, assumisse o comando do Executivo. A declaração foi feita em meio à crise política que tomou conta do município após a leitura, na segunda-feira (31), de uma suposta carta de renúncia atribuída a ele e ao vice-prefeito Peterson Henrique (PP), documento que Gonçalves classifica como falso.
“A gente realmente dormiu aqui na prefeitura, porque a gente tem um compromisso com o povo de Rio Largo e eu sou prefeito da cidade. Se precisar, dormiria todos os dias, porque eu tenho compromisso com o povo de Rio Largo. O povo me elegeu e só o povo pode me tirar”, afirmou o prefeito, destacando sua determinação em permanecer no cargo enquanto a disputa se desenrola.
A controvérsia começou na sessão da Câmara Municipal na segunda-feira (31), quando Rogério Silva leu em plenário as supostas cartas de renúncia de Gonçalves e Henrique, assumindo interinamente a prefeitura com base na Lei Orgânica do Município. Carlos Gonçalves nega veementemente ter assinado o documento e, na entrevista, evitou comentar diretamente sobre a autenticidade da assinatura, deixando a questão nas mãos da Justiça. “A gente vai para o Judiciário. A gente deixou com nossos advogados, com juristas. E a gente não vai comentar sobre isso porque a gente tem pautas mais importantes na cidade de Rio Largo. Não tem como um golpe ser maior do que a instituição, ser maior do que a cidade”, declarou.
O prefeito sugeriu que a ação da Câmara seria uma tentativa de golpe, mas optou por focar em sua gestão e nas prioridades do município, enquanto a batalha jurídica segue em curso.
Decisão judicial e desfecho temporário
No mesmo dia da leitura da carta, uma decisão liminar da 1ª Vara de Rio Largo, assinada pelo juiz Guilherme Bubolz Bohm, suspendeu o ato da Câmara e determinou a recondução imediata de Carlos Gonçalves e Peterson Henrique aos cargos de prefeito e vice-prefeito. O magistrado apontou indícios de falsidade ideológica nos documentos apresentados, classificando-os como “simplórios” e destacando irregularidades como a ausência de timbre oficial e o uso de diferentes canetas nas assinaturas e datas.
A permanência de Gonçalves na prefeitura durante a noite foi, segundo ele, uma forma de evitar “novos transtornos” enquanto a liminar não era oficialmente cumprida. Com a decisão judicial favorável, o prefeito reassumiu o cargo, mas a crise política em Rio Largo está longe de um desfecho definitivo.
Clima de tensão persiste
A atitude de Carlos Gonçalves reflete o clima de tensão que tomou conta do município da Região Metropolitana de Maceió. Enquanto Rogério Silva defende a legalidade de sua posse interina e desafia os gestores a uma perícia grafotécnica, o prefeito reconduzido aposta no Judiciário para esclarecer o caso. A população, por sua vez, segue acompanhando os acontecimentos, dividida entre o apoio a Gonçalves e as incertezas sobre os rumos da administração local.
O embate promete novos capítulos, com a análise do mérito da questão ainda pendente e a possibilidade de exames periciais para determinar a veracidade das assinaturas nas cartas de renúncia. Por ora, Carlos Gonçalves reafirma seu compromisso com o mandato e sinaliza que não cederá diante do que chama de “tentativas de desestabilização”.