Câmara de Vereadores de Maceió | Foto: Reprodução |
A notícia da confissão de Eduarda Silva Oliveira abalou profundamente os parlamentares da capital, em particular as vereadoras. Embora a maioria tenha evitado um julgamento direto em plenário, a preocupação com a saúde mental da mãe foi um ponto central nas manifestações. A vereadora Silvânia Barbosa (Solidariedade) compartilhou uma perspectiva pessoal sobre a questão.
“Antes, quando recebia uma notícia dessas, de mãe que mata seu filho após o parto, eu também condenava. Depois que passei por uma situação dessa, entendi que estamos diante de um problema de saúde mental muito sério”, revelou Silvânia, defendendo uma avaliação psiquiátrica urgente para Eduarda. “É evidente que isso não é normal. É uma tragédia que pode ter raízes muito mais profundas na saúde mental e no histórico de vida dela”, completou, criticando o pré-julgamento popular e a falta de conhecimento sobre o sofrimento materno.
Emocionada, a vereadora Jeannyne Beltrão (PL), também mãe, expressou sua dificuldade em encontrar justificativas para o ato, mas reforçou a necessidade de um debate aprofundado sobre a saúde mental feminina. “A depressão pós-parto só conhece quem já passou por ela ou acompanhou alguém próximo”, pontuou.
Teca Nelma (PT) foi enfática ao afirmar que qualquer juízo de valor sem um diagnóstico preciso é precipitado, sublinhando a gravidade da situação e a cautela necessária antes de conclusões apressadas. Olívia Tenório (PP) ecoou o abalo emocional que o caso provocou em muitas mulheres. “Sou mãe e sei que, em condições normais, nenhuma mulher quer o mal do próprio filho”, disse, defendendo que a sociedade aguarde as investigações para uma compreensão completa dos fatos.
Entre os vereadores homens, David Empregos (UB) lamentou a morte da bebê, enquanto o delegado e vereador Thiago Prado (PP) classificou o crime como um dos mais cruéis já registrados no estado. Leonardo Dias (PL) evitou críticas diretas à mãe, mas alertou para a “sociedade falida” diante da violência intrafamiliar, atribuindo essa decadência à perda de valores espirituais e familiares.
Durante a sessão, a lei da “Entrega Legal”, de autoria do vereador Syrderlane Mendonça (PL), que permite a mães entregarem seus filhos para adoção em unidades de saúde sem serem criminalizadas, foi lembrada como uma possível alternativa que poderia ter evitado a tragédia. “A mãe pode não ter tido alternativa, mas se ela soubesse dessa lei, talvez a história tivesse sido outra”, lamentou Syrderlane.
A comoção gerada pelo caso Ana Beatriz serviu de pano de fundo para outras discussões na Câmara. O vereador Rui Palmeira (PSD) denunciou um débito milionário da prefeitura com empresas de obras no Tabuleiro Novo, enquanto o presidente da Casa, Chico Filho (PL), fez um longo discurso em defesa da gestão municipal na área da saúde. Apesar dos elogios, a morte da recém-nascida permanece como um doloroso alerta para as lacunas no acolhimento psicológico de mães em situação de vulnerabilidade em Alagoas.